Ninguém deveria esperar por um acordo que salve o planeta nas negociações que começam nesta segunda-feira, em Copenhague.

Hoje, há uma grande chance de se conseguir ao menos um acordo interino, principalmente porque os EUA e a China, maiores emissores de gases do mundo, prometeram reduzir ou diminuir suas emissões e seus dois líderes concordaram em participar do encontro.
Apesar disso, nenhum dos dois países já havia oferecido um objetivo específico anteriormente. O desejo de última hora de ambos os líderes deve ser o suficiente para persuadir os outros 190 países em Copenhague a tomar o primeiro passo no que é visto como um processo de duas fases.
Os países começariam com um acordo sem comprometimentos políticos para reduzir as emissões e dar assistência aos países em desenvolvimento. Isso se seguiria por um acordo legal no próximo ano para determinar metas oficiais, mecanismos de aplicação e quantidades específicas de dólar para atender aos países mais pobres.
O Comitê do Senado aprovou uma medida razoavelmente agressiva ao pedir uma redução de 20% para a próxima década e de 83% até o meio do século. Mas a aprovação no Senado ainda está longe de ser alcançada. A maior parte dos republicanos se opõe à medida. Há grandes dúvidas entre os democratas do Cinturão de Rust Belt (situados entre Chicago e Nova York), cuja economia é baseada principalmente na indústria pesada e de manufatura. Para conseguir os 60 votos a favor necessários, será preciso toda e cada parte do poder de persuasão de Obama – e um verdadeiro impulso dos líderes democratas do Senado, que geralmente se mantêm passivos.
Os desafios em relação aos outros países não são menos complicados. O consenso entre os principais cientistas climáticos é que o mundo deve cortar as emissões pela metade até o meio do século. Os países ricos não podem fazê-lo sozinhos. Mesmo que eles conseguissem um corte de 80% até 2050, – objetivo defendido pelo grupo de oito países altamente industrializados (G-8) -, o mundo ficaria longe de sua meta a menos que os países em desenvolvimento também participassem.
O Brasil, a Indonésia e a Índia apresentaram suas propostas, os outros também devem propor agora que a China concordou em agir. Mas a divisão entre as nações ricas e em desenvolvimento, sem contar os países miseráveis, ainda é grande. Um progresso ainda maior depende de o quanto os países que já se aproveitaram dos benefícios da industrialização – e contribuíram amplamente com o aquecimento global – estão dispostos a ajudar os outros na adaptação às mudanças climáticas e na redução de emissões.
O Brasil, por exemplo, disse que irá proteger suas florestas tropicais do desmatamento apenas se os países ricos “pagarem o preço”.